Sinopse____
“Partindo de um levantamento minucioso do espaço, através de desenhos, imagens ilustrativas e maquetas, este projeto aprofundou a essência das paisagens do antropoceno e do holoceno, evidenciando as suas principais diferenças e nuances. Inspirado por esta exploração, foi concebida uma ação transformadora no espaço, centrada na criação de negativos a partir de um tronco abatido, carinhosamente apelidado de "mamute" devido à sua semelhança visual com a pele de elefante. Esta analogia provocadora entre uma espécie inexistente e o conceito emergente do capitoloceno veio acrescentar profundidade e significado à intervenção artística. Em seguida, seis fragmentos foram meticulosamente modelados em barro cerâmico e revestidos com um vidro castanho, evocando a tonalidade da madeira. A ação performática que se seguiu, trouxe uma analogia poética à ideia de devolver a água ao ‘Mamute’, infundindo-o com vitalidade e renovando seu propósito no espaço. Esta cerimónia simbólica não apenas celebrou a interconexão entre o ser humano e a natureza, mas também destacou a importância da água como elemento vital para toda forma de vida. Este projeto não se limita a uma simples intervenção artística, mas sim insere-se numa jornada de pesquisa artística profunda, onde cada ação, cada forma e cada material são cuidadosamente selecionados e trabalhados para expressar uma narrativa visual única. Ao unir arte e investigação, esta iniciativa busca não apenas criar beleza, mas também despertar uma reflexão sobre nossa relação com o meio ambiente e o papel transformador da arte na sociedade contemporânea.”
Palavras-chaves: Espaço, Paisagens,
Transformação, Mamute, Interconexão
PAISAGEM Antropocenica/
PAISAGEM
(breve abordagem dos conceitos)
As fissuras nas árvores são uma característica comum tanto em paisagens antropocênicas, marcadas pela interferência humana, quanto em ambientes mais naturais, conhecidos como holocênicos. Essas fissuras, embora aparentemente semelhantes em sua manifestação física, representam realidades distintas e têm implicações significativas para o planeta Terra.
Na paisagem antropocênica, as fissuras nas árvores muitas vezes são resultado de atividades humanas, como a exploração madeireira, o desmatamento para a agricultura, a urbanização e a poluição. Essas atividades podem levar à fragmentação de habitats naturais, à perda de biodiversidade e ao desequilíbrio nos ecossistemas. As fissuras nas árvores em áreas antropocênicas são frequentemente acompanhadas por uma diminuição na saúde das florestas, tornando as árvores mais vulneráveis a doenças, pragas e eventos climáticos extremos.
Por outro lado, nas áreas holocênicas, as fissuras nos troncos das árvores são parte integrante de ecossistemas naturais saudáveis. Essas fissuras podem surgir devido a fatores como a ação do vento, mudanças na temperatura, infecções por fungos e a presença de animais escavadores. Nas florestas, as fissuras nas árvores desempenham papéis importantes na ciclagem de nutrientes, na regulação da humidade e na provisão de habitat para uma variedade de organismos, desde insetos até pássaros e mamíferos.
Do ponto de vista científico, é crucial entender as diferenças entre as fissuras nas árvores em ambientes antropocênicos e holocênicos. Estudos têm demonstrado que a presença de fissuras em florestas naturais está associada a uma maior biodiversidade e resiliência aos distúrbios ambientais. Por outro lado, em áreas degradadas pela ação humana, as fissuras podem indicar problemas subjacentes, como a perda de habitat, a fragmentação do ecossistema e a deterioração da qualidade do ar e da água.
Além disso, as fissuras nas árvores também desempenham um papel importante no ciclo global do carbono. Nas florestas holocênicas, as árvores com fissuras podem armazenar grandes quantidades de carbono em seus troncos, contribuindo para mitigar as mudanças climáticas. No entanto, em áreas antropocênicas, a degradação florestal e a perda de árvores podem resultar na liberação de carbono armazenado, exacerbando ainda mais o problema das mudanças climáticas.
Portanto, a discussão sobre as fissuras nas árvores deve ser contextualizada dentro do contexto mais amplo da relação entre a atividade humana e o meio ambiente. Enquanto as fissuras nas árvores em áreas holocênicas representam a resiliência e a vitalidade dos ecossistemas naturais, as fissuras em paisagens antropocênicas são frequentemente um sintoma de degradação ambiental e perda de biodiversidade. Para garantir um futuro sustentável para o planeta Terra, é essencial promover práticas de manejo florestal sustentável e conservação ambiental que protejam e restaurem ecossistemas naturais, garantindo assim a preservação das árvores e a saúde do nosso planeta.
REMINISCENCIAS
CICATRIZES
TEMPO
RECEPTACULOS DE ÁGUA
RESERVATÓRIO
REFLEXO
ROMPER/ERUSÃO
FISSURA
ANTROPOCENO / HOLOCENO
PRESENÇA DO TEMPO
MEMÓRIA
CAPITOLOCENO
Interceção de fontes (HUMANAS)
ESTUDOS DOS PONTOS CONVERGENTES
(PRÉ-ABORDAGEM NO ESPAÇO)
"Talvez a indignação merecedora de um nome como Antropoceno seja a da destruição de espaços-tempos de refúgio para as pessoas e outros seres. Eu, juntamente com outras pessoas, penso que o Antropoceno é mais um evento-limite do que uma época, como a fronteira K-Pg entre o Cretáceo e o Paleoceno. O Antropoceno marca descontinuidades graves; o que vem depois não será como o que veio antes. Penso que o nosso trabalho é fazer com que o Antropoceno seja tão curto e tênue quanto possível, e cultivar, uns com os outros, em todos os sentidos imagináveis, épocas por vir que possam reconstituir os refúgios."
("Antropoceno, Capitaloceno, Plantationoceno, Chthuluceno: fazendo parentes*", Donna Haraway [Tradução de Susana Dias, Mara Verônica e Ana Godoy])
Planta do "Parque das águas", com descrição
da localização das fontes inseridas no local, identificando
possibilidades de ligações entre ambas
Conjunto de peças de cerâmica
possibilidade de instação no tronco de onde fora feito o levantamento dos negativos em barro
(site-specific
Após a escolha de um tronco (ao qual nós o nomeamos de "Mamute") que se encontra no Parque das Águas, no Porto, procurou-se por realizar diversos negativos de partes com alguma expressividade plástica, através de lastras de barro. A materialidade dos objetos deve-se a uma relação de proximidade de tons, pois através de vidrados, podesse manipular os efeitos pretendidos, como a relação de proximidade e de camuflagem no espaço. O conjunto de 6 fragementos distribuídas pelo tronco espaço, como um ato posteriormente realizado, procura pelo menor impacto visual no terreno e pela metáfora da ação de devolver a parte ao todo, o elemento como receptáculo de agua, a água ao "Mamute", oferecendo-lhe vida novamente.
O conceito "Mamute"
capituloceno como resposta ao antropoceno
Antropoceno como fronteira
(termo escrito primáriamente por Donna Haraway)
O Mamute é um animal extinto que pertenceu ao género Mammuthusce à família Elephantida e incluída nos proboscídeos. Tal como os elefantes, estes animais apresentavam tromba e presas de marfim encurvadas, que podiam atingir cinco metros de comprimento, mas tinham o corpo coberto de pelo. Estes animais extinguiram-se há apenas 5.600 anos e foram muito comuns no Paleolítico, onde foram uma fonte importante de alimentação do homem da Pré-história.
(falta aprofundar...)
Referências_____
Souza Lobo Guzzoa, Marina. Práticas Artísticas Diante Do Antropoceno: Uma Experiência de Refúgio. 18 May 2022. (TEÓRICA)
HARAWAY, Donna, 2016a. Antropoceno, Capitaloceno, Plantationoceno, Chthuluceno: fazendo parentes. Trad. Susana Dias, Mara Verônica e Ana Godoy. 2026 (TEÓRICA)
HARAWAY, Donna, 2016b. Staying with the Trouble: Making kin in the Cthulhucene. Duke University Press, Durham e Londres.(TEÓRICA)
Astrid Heimer, "Hand sketch-multi-perspective' (ARTISTICA)