Introdução do "Habitar a Surdez", ausência do som

com Pedro Bitercourt

 

 

Como proposta final, neste conjunto de ações perfomativas no espaço publico, decidi trabalhar sobre a ausência do som, procurando por refletir sobre como será viver sem esse sentido, nuuma surdez absoluta. 

 

Foram determinadas algumas regras ou passos a realizar durante as ações experimentais.

 

primeiro, deveria realizar todo o percurso com abafadores e tampões nos ouvidos, tentando anular ao máximo os ruidos exteriores. Sendo ouvinte, por muito que tente anular o som, haverá sempre sons com decibéis altos que ouvirei, ou até mesmo o som do meu próprio coração ou o respeitar. No entanto, penso que fora um exercicio inicial bem conseguido (exploratório).

 

Iniciamos na saída da faculdade, caminhando em direção à praça da alegra, e descendo em direção às fontaínhas, onde após mais alguns exercicios finais, terminamos as ações perfomaticas.

 

Caminhando, anulando sentido basico da audição, privilegiando a visão e o tato.

Tocar em objetos que através de uma memória previamente existentes, saberia que transmitiriam ruído ao tocar ou abanar, mas que neste exercicio se privilegiou a textura, a analise sensorial ausente do som. servindo portanto, como experiência pessoal e coletiva.

 

Durante o percurso, o Pedro Bitencourt trabalhou com o video, filmando alguns percursos, com planos de fundo que transmitissem texturas e cores diversas, captando a narrativa da caminhada até às Fontaínas, e planos de imagem que captassem o movimento das mãos em alguns objetos ou locais.

 

"Para esta primeira experiência de caminhar sem som, ou pelo menos uma tentativa de anular o som, ao máximo possível, foi algo super interessante. Nos ouvidos tinha tampões de esponja, e abafadores de escultura com algodão dentro para poder anular ainda mais todo o ruído da cidade. Logo à primeira vez, reparei que (...) por muito que anulemos, continuaremos a ouvir o som do respirar e do coração. Talvez nunca teremos a mesma experiencia que uma pessoa surda (...)"

Este exercicio, tornou possível o inicio do projeto "Habitar a Surdez", o qual será desenvolvido como projeto pessoal ao longo do ano 2024.

 

Conviver com pessoas com deficiência auditiva profunda tem me suscitado bastante interesse em criar algo relativo a essa realidade e de alguma forma poder auxiliar outros a compreendê-la. Levantar problemas de carácter de comunicação social e de inserção da comunidade surda, expondo ao outro (ao que ouve) essas mesmas dificuldades.

 

Como práticas artísticas, a arte pode ser uma forma de influenciar e direcionar pontos de vista e até mesmo de ensinar o ouvinte (aquele que ouve) a ter consciência de como é viver em sociedade e desta forma, sensibilizar a uma aprendizagem quer da língua, quer das dificuldades que o outro lida todos os dias. A barreira da língua deveria ser reduzida.