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Este ensaio é um resultado dos exercícios feitos ao longo da disciplina “Pensamento em Arte Atual”, parte do curso de doutoramento em Artes Plásticas da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Porto, 2023/2024, sob orientação da professora Filipa Cruz. Trata-se de uma apropriação da obra “Naufrágio com Espectador”, de Hans Blumenberg, pelo estabelecimento de paralelos entre a metáfora do naufrágio e as experiências das práticas artísticas e daquelas relacionadas à investigação acadêmica em artes. Na primeira parte do ensaio, “O grande marujo que sempre naufraga”, parto do mote “o que resta ao náufrago”, título do segundo capítulo do livro de Blumenberg, para discutir, de maneira geral, as aventuras e desventuras do artista/investigador diante dos riscos de fracasso, numa alegoria às odisseias marítimas da literatura universal. Já o segundo trecho do ensaio, “agora submerso em ondas eletromagnéticas”, é mais aplicado à pesquisa que eu, particularmente, venho desenvolvendo no doutoramento: o uso de tecnologias ditas de “inteligência artificial” para a criação de obras de arte generativas pela interação cibernética, entre humano e máquina. Neste capítulo faço uso de referências da cultura pop, nomeadamente obras de ficção científica que introduzem o elemento da IA nas narrativas heróicas contemporâneas. Para trazer materialidade ao que é tratado no texto, apresento duas experiências práticas de criação de códigos de programação destinados à geração de obras de arte generativa pelo método que proponho em minha investigação. Como procedimento de transparência do processo de criação, apresento links externos para que se tenha acesso à versão das obras em sua versão em html, às trocas de mensagem com a ferramenta de inteligência artificial utilizada, à integridade do código de programação da versão final do projeto e ao histórico de versões que o código teve ao longo de todo seu desenvolvimento. As obras apresentadas têm como tema o “naufrágio marítimo” e o “naufrágio espacial”, relacionadas às duas partes em que se divide o texto. Ao final, ainda apresento uma montagem que reúne trechos das duas obras em uma única materialidade, a visão de um horizonte do céu e do mar. This essay is a result of exercises undertaken during the course "Thinking in Contemporary Art", part of the doctoral program in Fine Arts at the Faculty of Fine Arts, University of Porto, 2023/2024, under the guidance of Professor Filipa Cruz. It involves an appropriation of Hans Blumenberg's work "Shipwreck with Spectator" by establishing parallels between the metaphor of shipwreck and the experiences of artistic practices and those related to academic research in the arts. In the first part of the essay, "the great sailor who always sinks," I start with the theme "what the shipwrecked person is left with", the title of the second chapter of Blumenberg's book, to discuss, in a general sense, the adventures and misadventures of the artist/researcher facing the risks of failure, an allegory to the maritime odysseys of universal literature. The second part of the essay, "now submerged in electromagnetic waves", is more applied to the research I have been developing in the doctoral program: the use of so-called "artificial intelligence" technologies for the creation of generative artworks through cybernetic interaction between humans and machines. In this chapter, I make use of references from pop culture, particularly works of science fiction that introduce the element of AI into contemporary heroic narratives. To give materiality to what is discussed in the text, I present two practical experiences of creating programming codes for generating generative artworks by the method proposed in my research. As a transparency procedure in the creation process, I provide external links to access the works in their html version, exchanges with the AI tool used, the integrity of the programming code of the final version of the project, and the version history that the code had throughout its development. The presented works focus on the themes of "maritime shipwreck" and "space shipwreck," related to the two parts in which the text is divided. In the end, I also present a montage that brings together excerpts from the two works into a single materiality, the view of a horizon of the sky and the sea.
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